Durante a abertura da 10ª reunião do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), realizada nesta segunda-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu com veemência a criação de um novo modelo de financiamento global, mais justo e inclusivo. Ao lado da presidenta da instituição, Dilma Rousseff, Lula destacou o papel estratégico do NDB para os países em desenvolvimento e criticou a lentidão das instituições financeiras tradicionais em atender às urgências climáticas e sociais do planeta.
“Nosso problema não é econômico. Nosso problema é político”, disse Lula, ao afirmar que as atuais lideranças globais falham em promover transformações concretas. O presidente apontou que, desde a promessa feita em 2009 na COP15 de destinar US$ 100 bilhões anuais aos países mais vulneráveis, os recursos nunca chegaram. “Hoje, são necessários US$ 1,6 trilhão por ano para enfrentar a emergência climática”, alertou.
Ao saudar a entrada da Argélia no NDB e a adesão em andamento de países como Colômbia, Uzbequistão e Uruguai, Lula elogiou o crescimento do banco criado em 2014 durante a Cúpula de Fortaleza. Segundo ele, o NDB é exemplo de uma instituição multilateral moderna, sem imposição de condicionalidades e com governança baseada na igualdade de voz e voto.
“Desde sua fundação, o banco já aprovou mais de US$ 40 bilhões em projetos, sendo mais de US$ 3,5 bilhões no Brasil”, destacou. O presidente também ressaltou a rapidez do NDB ao atuar diante da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul.
Lula defendeu ainda o fortalecimento do uso de moedas locais nas operações — que hoje já representam 31% do total — e a criação de novos mecanismos de garantia e financiamento para projetos de infraestrutura, transição digital e energética. Ele propôs que o NDB lidere estudos para a construção de um cabo submarino entre países do BRICS, o que reforçaria a soberania digital dos emergentes.
Crítico das instituições de Bretton Woods, Lula questionou o modelo de austeridade imposto aos países pobres e citou o caso do Haiti, sugerindo que a França reembolse valores pagos pela independência do país. “Não se trata de doação. É empréstimo para que as pessoas tenham uma chance de sair da miséria”, afirmou.
Em tom firme, Lula lamentou a fragilidade da ONU diante de crises humanitárias como a guerra em Gaza. “Uma ONU que criou o Estado de Israel não consegue criar o Estado Palestino”, criticou.
O presidente concluiu sua fala pedindo que o NDB, sob a liderança de Dilma Rousseff, se una a outras instituições multilaterais para desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis para o planeta. “Ou mostramos ao mundo que outro modelo é possível, ou a democracia será desacreditada”, finalizou.
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