O legado de Abdias Nascimento — poeta, dramaturgo, artista plástico, professor, ativista pan-africano e referência internacional na luta contra o racismo — ganha novas formas de ser compartilhado com o público. A partir desta segunda-feira (16), o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) lança a websérie “Andorinha”, que apresenta os bastidores da preservação de seu valioso acervo.
Dividida em sete episódios, a produção acompanha o cotidiano da equipe responsável por manter viva a memória de Abdias, destacando o trabalho técnico, os desafios enfrentados e as vitórias alcançadas na conservação de documentos, obras de arte, livros e fotografias. O acervo, reconhecido pela Unesco no Programa Memória do Mundo, reúne cerca de 3.500 livros, 600 obras artísticas e mais de 20 mil imagens que contam a trajetória da população negra no Brasil e no sul global.

O nome da série, Andorinha, foi escolhido por simbolizar a força da coletividade, refletindo o espírito de união e resistência que permeia o trabalho do Ipeafro, fundado por Abdias nos anos 1980. “Uma andorinha só não faz verão” é o ditado popular que inspira a série e resume o papel do coletivo na preservação da memória negra.
Além de retratar o trabalho interno do instituto, a websérie aborda o retorno das obras do Museu de Arte Negra após exposição no Inhotim, a atuação do grupo responsável pelo Programa Abdias Nascimento: Memória, Patrimônio e Reparação, e as iniciativas educativas que conectam novas gerações com o legado do ativista.
A direção é de Duda Nascimento, jornalista e integrante da equipe do Ipeafro. Ela destaca que o objetivo é compartilhar conhecimentos sobre conservação com outras instituições e até com pessoas que preservam acervos familiares. “A websérie mostra como o Ipeafro faz memória, para que outros também possam fazer”, afirma.
A produção audiovisual se soma a outros registros documentais sobre a vida e obra de Abdias, como os filmes Abdias Nascimento Memória Negra (2008), Abdias Vive (2011) e Entre o Aiyê e o Orum (2021).
Para Clícea Maria Miranda, doutora em história e responsável pelo acervo documental do instituto, a iniciativa reforça o papel educador do movimento negro. “Esse acervo é um lugar de formação. Nosso dever é garantir que as novas gerações possam beber dessas fontes e seguir atuando”, afirma.
O primeiro episódio de “Andorinha” já está disponível no canal do Ipeafro no YouTube. Os demais serão lançados nas próximas segundas-feiras. A série também marca os 41 anos do instituto. Mais informações podem ser encontradas em ipeafro.org.br ou nos perfis @ipeafro nas redes sociais.
*Com informação da Agência Brasil. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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