O legado de Lélia Gonzalez foi celebrado nesta sexta-feira (25), durante o Festival Latinidades, em Brasília, em uma homenagem marcada por emoção, poesia e reflexões profundas sobre sua contribuição à luta contra o racismo e o sexismo no Brasil e na América Latina. O ato aconteceu no auditório II do Museu Nacional, com casa cheia, e marcou o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
A cerimônia começou com um recital da atriz e poeta Elisa Lucinda e seguiu com depoimentos que exaltaram o pensamento revolucionário de Lélia, autora dos conceitos de “amefricanidade” e “pretuguês”, e referência na construção de um pensamento negro, latino-americano e feminista. Lélia foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU) e faleceu em 1994, aos 59 anos.

O evento contou com a participação de importantes figuras, como a ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo; a professora da Universidade Federal de Ouro Preto, Dulce Pereira; e Melina Lima, neta de Lélia e diretora do Instituto Memorial Lélia Gonzalez.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também prestou homenagem à intelectual, destacando a influência de Lélia sobre sua irmã, Marielle Franco, e sobre sua própria militância. “Defender mulheres negras é o que me move. Honrar quem veio antes de nós é um dever político e afetivo”, declarou.
Em sua fala, Macaé Evaristo ressaltou o valor político e teórico do legado de Lélia. “Ela nos ensinou a nomear as nossas vivências e a construir um pensamento afro-latino-americano baseado na potência da nossa existência”, afirmou.
Dulce Pereira destacou a criação do conceito de “amefricanidade” como um marco na valorização das identidades afrodescendentes do continente. Já o termo “pretuguês” foi lembrado como uma crítica ao silenciamento da linguagem negra e uma forma de afirmação cultural e política.
Elisa Lucinda celebrou a ousadia intelectual de Lélia Gonzalez ao desafiar a hegemonia do pensamento eurocêntrico. “Ela mostrou que não se pode oprimir quem carrega a promessa da liberdade”, disse.
Melina Lima encerrou a homenagem emocionada: “Mesmo após 31 anos de sua partida, minha avó continua viva em cada semente de luta que germina neste país. Ela inspira, provoca e mobiliza.”
O 18º Festival Latinidades segue até 31 de julho com programação dedicada ao protagonismo das mulheres negras nas artes, na política, na educação e nos movimentos sociais.
*Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Espírito Santo.
Siga o GIRO CAPIXABA no Instagram