Uma mãe preta, catadora de recicláveis, que foge de um relacionamento abusivo levando seus filhos pelas ruas de São Paulo. Essa é a história de A Melhor Mãe do Mundo, novo filme da diretora Anna Muylaert, que será exibido no Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito (Cinesur), no dia 31 de julho.
Protagonizado por Shirley Cruz e Seu Jorge, o longa teve sua estreia mundial no Festival de Berlim e vem conquistando o público e a crítica, com prêmios de melhor roteiro, direção, fotografia, montagem e atuação. Para a atriz Shirley Cruz, o papel é um retrato profundo da mulher brasileira. “Ela é a mãe leoa, a que carrega os filhos e o mundo nas costas, que ama incondicionalmente”, definiu.

O filme aborda temas como a violência doméstica, a falta de moradia e a força de uma mãe para proteger seus filhos. Gal, a protagonista, transforma a fuga de casa em uma aventura pelas ruas, fingindo para as crianças que tudo não passa de um grande acampamento.
“Esse é um filme sobre a dor de amar alguém que é violento e de ter que fugir. Mas também é sobre a maternidade e a exclusão. Gal é uma mãe abandonada pelo Estado, que encontra apoio em uma rede de solidariedade”, explica Muylaert.
Quando Gal chega à Ocupação 9 de Julho, símbolo de luta por moradia em São Paulo, encontra apoio para recomeçar. A diretora defende que redes comunitárias são essenciais: “Se isso fosse institucionalizado, ajudaria demais mães como ela”.
Reconhecimento e luta social
Premiada por sua atuação nos festivais de Guadalajara e Recife, Shirley Cruz celebrou o papel. “É o que sempre sonhei fazer. Como mulher, mãe e mulher preta, foi uma experiência intensa. É resultado de 25 anos de trabalho desde Cidade de Deus”, disse.
Para ela, o filme é uma denúncia necessária. “A violência contra a mulher é antiga, brutal e naturalizada. O Brasil tem números alarmantes. Pode não acabar, mas não vamos desistir de viver”, afirma. E completa: “Mudança só virá com políticas públicas e respeito”.
Muylaert reforça que o filme busca gerar compaixão. “A expectativa é que o público se emocione, reflita e abrace essa mãe brasileira, a catadora, a mulher preta, a que resiste”.
Exibição no Festival Cinesur
A Melhor Mãe do Mundo será exibido no dia 31 de julho, dentro da programação do Cinesur 2025, que acontece de 25 de julho a 2 de agosto, no Centro de Convenções de Bonito (MS). A mostra reúne 63 filmes de nove países sul-americanos, promovendo a circulação de obras e o encontro entre culturas.
Além dos filmes, o festival oferece oficinas, seminários e debates gratuitos. A abertura, nesta sexta-feira (25), conta com o longa paraguaio As Herdeiras, de Marcelo Martinesse. Mais informações estão disponíveis no site oficial do evento.
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