A nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve entrar em vigor no dia 1º de agosto e já provoca forte preocupação no setor produtivo e entre especialistas em comércio internacional. A medida tem potencial para provocar uma queda drástica nas exportações brasileiras, especialmente nos segmentos de maior valor agregado.
Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Em 2024, o país foi responsável por compras de petróleo, café, carne bovina, suco de laranja, aeronaves, máquinas e eletrônicos, entre outros.
Segundo análise do banco BTG Pactual, a nova tarifa não será cumulativa às já existentes: 25% sobre automóveis e autopeças, e 50% sobre aço e alumínio. Além disso, produtos estratégicos como petróleo, semicondutores, minerais críticos e fármacos continuarão isentos.
Exportações ameaçadas: principais setores impactados
☕ Café
O Brasil é o maior exportador mundial de café, e os EUA são um de seus principais mercados. Em 2024, o setor exportou quase US$ 2 bilhões ao país norte-americano. A nova tarifa de 50% pode inviabilizar financeiramente o setor, alerta a Cogo Inteligência em Agronegócio, pressionando preços e reduzindo a competitividade brasileira.
🥩 Carne bovina
Os EUA foram responsáveis por 532 mil toneladas de carne bovina brasileira em 2024, gerando US$ 1,6 bilhão. A empresa Minerva estima que pode perder até 5% da receita líquida. Apesar de JBS e Marfrig terem operações nos EUA, o impacto no setor como um todo é inevitável.
🍊 Suco de laranja
O produto pode ser um dos mais atingidos. Os EUA foram destino de 41,7% das exportações brasileiras na safra 2024/25, gerando US$ 1,31 bilhão. Com a nova tarifa, o custo por tonelada subiria 533%, segundo a CitrusBR, comprometendo toda a cadeia citrícola nacional.
🛢️ Petróleo
Mesmo sendo a principal commodity exportada, o petróleo está isento da nova tarifa. Em 2024, os EUA compraram US$ 5,8 bilhões do Brasil. A Petrobras direciona parte dos embarques aos norte-americanos, mas possui flexibilidade logística para realocar o produto.
✈️ Aeronaves
A Embraer exportou US$ 2,4 bilhões em aeronaves para os EUA, representando 63% do total do setor. O risco da tarifa preocupa a empresa brasileira, altamente dependente do mercado norte-americano.
⚙️ Ferro e aço semimanufaturados
As vendas para os EUA somaram US$ 2,8 bilhões, representando mais de 70% das exportações brasileiras nesse segmento, que já enfrenta a tarifa de 50% aplicada desde 2018.
🧱 Materiais de construção e engenharia
Com exportações de US$ 2,2 bilhões para os EUA em 2024, o setor pode perder 58% do seu mercado externo, colocando empresas brasileiras sob pressão.
🪵 Madeira
O setor florestal exportou US$ 1,6 bilhão para os EUA, que compram mais de 40% da produção brasileira. Empresas como a Suzano podem sentir o impacto, embora a companhia tenha presença global e logística diversificada.
🛠️ Máquinas e motores
O Brasil exportou US$ 1,3 bilhão em máquinas e motores para os EUA, o que representa mais de 60% do setor. Empresas como a WEG estão entre as mais expostas à perda de competitividade, segundo o UBS BB.
📱 Eletrônicos
As exportações de eletroeletrônicos somaram US$ 1,1 bilhão no primeiro semestre de 2024. Os EUA lideram como mercado de destino, segundo a Abinee, e o setor projeta perdas caso a tarifa seja mantida.
Especialistas alertam que a nova tarifa tem efeito potencialmente devastador em diversos setores do agronegócio e da indústria brasileira. Segundo a consultoria Cogo, os prejuízos podem ultrapassar bilhões de dólares em exportações.
Além das perdas diretas, há risco de queda de competitividade, fechamento de mercados e recessão em cadeias produtivas inteiras, como a citrícola e a de café. O governo brasileiro ainda não se pronunciou sobre medidas oficiais de retaliação ou negociação.
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