Às vésperas da Cúpula do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, nesta sexta-feira (4), o protagonismo do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como uma alternativa viável e justa ao sistema financeiro tradicional. Em seu discurso durante a reunião anual da instituição, realizada na capital fluminense, Lula celebrou o papel do banco na promoção de projetos sustentáveis e na redução das desigualdades globais.
“O NDB nasceu aqui no Brasil, na Cúpula de Fortaleza, em 2014. A decisão de criá-lo foi um marco para os países emergentes, com o objetivo claro de superar o déficit crônico de financiamento ao desenvolvimento sustentável”, afirmou Lula.
O banco, presidido atualmente pela ex-presidenta Dilma Rousseff, financia projetos de infraestrutura e sustentabilidade em países do Brics e outros emergentes. Desde 2016, com sede em Xangai, o NDB já aprovou mais de 120 projetos, totalizando US$ 40 bilhões.
Lula destacou que o banco opera com igualdade de voto entre os países membros, sem condicionalidades típicas de outras instituições financeiras internacionais. “Hoje, 31% dos projetos são executados nas moedas locais, o que fortalece nossa soberania e reduz a dependência do dólar”, explicou.
Além disso, Lula mencionou a criação do novo mecanismo de garantias multilaterais, implementado sob a presidência brasileira, que visa atrair capital privado e ampliar a segurança para investimentos.
Compromisso com o clima e apoio ao Brasil
O presidente ressaltou o papel do banco diante de eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024. Segundo ele, mais de US$ 3,5 bilhões já foram aplicados no Brasil em diversas áreas, incluindo saneamento, transporte, energia limpa e eficiência energética.
“O NDB está comprometido em direcionar 40% de seus financiamentos para projetos sustentáveis, alinhando-se com a declaração climática que adotaremos na Cúpula do Brics e com os objetivos da COP30 em Belém”, declarou Lula.
Entre os projetos futuros, Lula mencionou a expectativa de o NDB apoiar um cabo submarino de dados que conecte os países do Brics, aumentando a velocidade de comunicação e reforçando a soberania digital do bloco.
Em seu discurso, Dilma Rousseff reforçou o papel estratégico do banco para o Sul Global. “Os países do Brics têm o direito e a capacidade de definir seus próprios caminhos de desenvolvimento. Estamos apenas começando”, declarou.
A ex-presidenta afirmou que o banco entrará em uma nova fase de liderança no financiamento equitativo e sustentável, com foco no desenvolvimento autônomo em um mundo multipolar.
Alternativa ao FMI e Banco Mundial
Criado como resposta às fragilidades do sistema financeiro global reveladas em 2008, o NDB surge como um instrumento para aumentar a representatividade dos países em desenvolvimento. Com um capital avaliado em US$ 100 bilhões, o banco já financiou projetos estratégicos em sete países, incluindo infraestrutura ferroviária na África do Sul, energia renovável na Índia e abastecimento de água no Brasil.
* Da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.